GORDURA NO FÍGADO: QUANDO O METABOLISMO PEDE AJUDA

O fígado é um dos órgãos mais importantes do corpo humano e também um dos mais silenciosos. Em muitos casos, ele adoece sem causar sintomas evidentes. É o que acontece na esteatose hepática, condição que hoje recebe um novo nome: MASLD, sigla para doença hepática gordurosa associada à disfunção metabólica. Embora o nome tenha mudado, a gravidade da condição permanece. Estima-se que até 30% da população adulta tenha algum grau de acúmulo de gordura no fígado, muitas vezes sem saber. E o mais preocupante é que, quando não tratada, a doença pode evoluir para quadros severos como fibrose, cirrose e até câncer hepático.
O MASLD representa uma mudança na forma como se entende a esteatose. Antes chamada de esteatose hepática não alcoólica, a nova nomenclatura destaca que o problema não está relacionado ao consumo de álcool, mas sim a fatores metabólicos como obesidade, resistência à insulina, hipertensão e colesterol alto. Ou seja, trata-se de uma doença diretamente ligada ao estilo de vida. O fígado acumula gordura quando o corpo não consegue metabolizar adequadamente os nutrientes, o que é agravado por uma alimentação rica em ultraprocessados, sedentarismo, distúrbios hormonais e níveis elevados de estresse.
UMA DOENÇA SILENCIOSA QUE PEDE CUIDADOS URGENTES
Por ser silenciosa, a esteatose costuma ser descoberta em exames de rotina, como ultrassonografia abdominal ou ressonância magnética. Quando os exames apontam não apenas a presença de gordura, mas também sinais de inflamação ou lesão celular, o quadro evolui para o que se chama de MASH, uma forma mais agressiva da condição. Neste estágio, o risco de fibrose hepática aumenta, exigindo um olhar clínico mais atento e um tratamento multidisciplinar.
A boa notícia é que o MASLD tem controle, e em muitos casos, pode ser revertido. A perda de peso é uma das medidas mais eficazes. Estudos mostram que reduzir de 7% a 10% do peso corporal é suficiente para diminuir significativamente a gordura no fígado e até regredir sinais de inflamação. Isso só é possível com mudanças reais no estilo de vida. A alimentação deve ser ajustada para priorizar vegetais, leguminosas, proteínas magras e gorduras boas, como as do azeite e peixes. Do ponto de vista nutricional, a dieta mediterrânea tem se mostrado eficaz no controle da esteatose. A prática regular de atividade física, com foco em exercícios aeróbicos e musculação, potencializa esses resultados.
A atuação médica também é fundamental. Em casos mais avançados ou com doenças metabólicas associadas, como diabetes tipo 2 e obesidade, o uso de medicamentos pode ser necessário. Novas opções como agonistas de GLP-1, tirzepatida e o recém-aprovado resmetirom têm mostrado resultados promissores. Além disso, em situações de obesidade grave e risco hepático elevado, a cirurgia bariátrica pode ser considerada, desde que bem indicada e acompanhada por uma equipe especializada.
O MASLD não afeta apenas o fígado. Pessoas com essa condição têm risco aumentado de eventos cardiovasculares, como infarto e AVC. Por isso, o cuidado precisa ir além da normalização dos exames. O objetivo é restaurar o metabolismo, fortalecer o sistema cardiovascular e reequilibrar a saúde como um todo. E isso só é possível com uma abordagem que considere o corpo como uma rede interligada.
O nome mudou, mas a mensagem é a mesma: gordura no fígado não é inofensiva. Ela exige atenção, escuta e mudança de rota. Quanto antes o cuidado começar, maiores as chances de reversão. O fígado tem uma capacidade regenerativa impressionante, mas ele precisa de condições para se curar. Estilo de vida, nutrição e acompanhamento médico são a chave para essa regeneração.
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